10 gafes pra evitar no trabalho do Japão – guia do gaijin profissional

Senso coletivo – Uma das coisas mais inspiradoras (e assustadoras para alguns) que os brasileiros de primeira viagem encontram na terra do 5S.

Será que é por isso que os trens chegam, diariamente, no minuto certo nas estações de trens? A preocupação com o próximo é a engrenagem principal. Esse povo de olho puxado é extremamente educado e seguem a risca as normas da sociedade.

Vocês, queridos leitores do Kotobá já viram que a gente abordou alguns tópicos de educação no Japão – de infográfico para falar formal até de etiqueta simples no Japão.

Essa lista que entrego na sua mão são regras de ouro para quem almeja ser um profissional no Japão. Se pretende trabalhar ou já trabalha no Japão (ou até mesmo em países com algumas exigências parecidas) você vai gostar de ler.

Se você não consegue se enturmar no Japão, provavelmente está cometendo algum desses gafes. Se não, pelo menos, inevitavelmente sua imagem melhorará deixando outros gafes culturais de lado.

Gou ni haireba gou ni shitagae | 郷に入れば郷に従え – ou traduzindo direto ao tupiniquim, Dance conforme a música. Aqueles que conseguem rebolar um pouquinho mais do que os outros, conquistam não só o respeito, mas de fato conseguir entrar na “roda” da galera.

Engraçado que muitas dessas dicas deveriam ser o básico por aqui no Brasil também. Muitas pessoas que admiro são em sua maioria são aqueles que também conseguem ser educados munidos de boas maneiras, sem usar o país de banana como desculpa.

Se você trabalha em uma das muitas empresas japonesas no Brasil, aí que não tem desculpa mesmo! Seja um Gaijin motherfucker atraindo respeito dos japoneses só fugindo dessas simples gafes e fazendo muito melhor que isso.

1. Chegar na hora

Imagina na situação: Você marcou uma reunião às 10:00 da manhã, que horas você deveria estar sentadinho na sala de reunião?

Se você não respondeu 9:55 ou antes vai levar um belo de um esporro. Se você chegar na hora, está atrasado. Engraçado né?

Os japoneses são treinados com ação-de-5-minutos-antecipados Go fun mae koudou | 五分前行動 desde pequenos nas escolas japonesas.  Algumas organizações ainda pedem que essa pré-pontualidade seja de 15 minutos.

Dica: seja uma pessoa bem organizada com uma agenda para chegar nos compromissos antes. A desculpa de que o trem atrasou você não poderá usar.

2. Chegar depois do seu chefe.

Essa é uma dica de ouro plus para os iniciantes com o desafio de melhorar a imagem. Em algumas empresas mais tradicionais é de bom senso que os novatos devem chegar antes de todo mundo. Tá reclamando? Não acaba por ai: ainda devem passar um paninho nas mesas de todo mundo para começar o dia limpinho e perfumado.

Naturalmente, isso vai depender de cada empresa. Se você trabalha num lugar que todos chegam de ônibus da empresa como muitas empresas em SUAPE, talvez não seja o caso – ou será que sim?

Dica: demonstre prontidão e disposição se doando para a equipe. Chegar cedo no trabalho e ainda fazer um ato simbólico como esse são 10 pontos para gryffindor.

3. Não dar bom dia para o faxineiro

Sabe aquelas palavras mágicas que a sua mãe lhe ensinou? Tá na hora começar a usar, mesmo que Papai Noel não vá te dar presente.

Talvez você não ganhe um PS4 do barbudo, mas conseguirá uma puta admiração dos coelgas, chefes e amigos. É educação básica. Se no Brasil as pessoas fazem isso até com o garçom que abre a porta, imagine no Japão, que as vezes, o dono da empresa shachou | 社長 está varrendo a frente do trabalho!

Se você ainda é um bundão que nem dá bom dia para o  porteiro do seu prédio, comece a criar esse hábito. Sua nacionalidade não é desculpa por aqui.

Dar “bom dia” ainda é uma ótima maneira de contagiar a empresa com a sua energia. Difícil ter gente que não irá gostar de ver uma pessoa super disposta desde cedo.

Dica: educação conquista respeito e admiração. Dar bom dia é o primeiro passo.

4. Falar como um amigo

No Japão, há várias maneiras de falar japonês. Não falo só de sotaques ou dialetos, mas há formalidade na hora de falar. Se você for falar com os amigos, é uma maneira. Se for com o seu chefe, há outra – e ai de você falar errado!

Para você entender melhor, a gente já publicou por aqui no Kotobá um infográfico de como falar formal em japonês para pelo menos começar a ter uma ideia.

Dica: Falar keigo é simples, mas precisa de muita prática. Treine bastante para não cometer gafes.

5. Não praticar “espinafre”

Isso vem da palavra “espinafre” do japonês, Hourensou | ほうれん草 que na verdade é junção das iniciais Hou – Ren – Sou 報・連・相 das palavras Houkoku, Renraku e Soudan:

  • Houkoku 報告: Reportar: normalmente algo que foi designado.
  • Renraku 連絡 Comunicar: sobre alguma atividade ou informação aos envolvidos.
  • Soudan 相談 Consultar: algo que tenha dificuldade.

Mas não é algo óbvio? Sim, que muita gente acaba não fazendo. São as coisas básicas que constroem o tão dito bom senso. Pelo menos foi assim que o Tomiji Yamazaki pensou em 1982, fazendo uma campanha interna na empresa sobre o “espinafre” e posteriormente lançando o livro best-seller.

Dica: no trabalho em equipe, a comunicação em geral é importante.

6. Justificar antes de pedir desculpas

Isso também é algo na lista de boas maneiras que atravessa oceanos. Pessoalmente, fico puto com pessoas que confunde justificar e criar desculpas. Muitas vezes no mundo profissional, se você está representando a empresa, você deve pedir desculpas mesmo que o erro não seja diretamente seu.

Okaykusama wa kami-sama |お客様は神様 : Cliente é Deus. No Japão que o atendimento ao cliente é super importante, a postura ao se desculpar é crucial. Isso transmite a imagem de que está se responsabilizando pelo acontecido, ou pelo menos, sente muito pelo acontecido. Muitas vezes vão ter situações que estará levar bronca por levar, mas assim é a vida. Foca no goal maior que se dará bem na frente.

Talvez seja um dos maiores desafios aos brasileiros que parecem ter uma cultura de que pedir desculpa é assumir derrota. É um exercício de deixar o ego de lado.

Dica: Assuma primeiro a culpa, e depois justifica. Essa ordem é importante.

7. Pedir ajuda e só perguntar

Isso daqui é um plus, ou seja, irá te ajudar a se destacar entre muitos. Como visto no Soudan do Hou-Ren-Sou, pedir dica dos outros quando está estancado é um passo a frente. Perguntar sempre é melhor que não perguntar, mas se só pergunta, vai passar a imagem de incompetente e só consegue resolver quando vem mastigado. Você pode ser melhor que apenas um sugador de ideias.  No lugar disso, dê a sua opinião também. Vai passar a imagem de que sabe trabalhar em equipe, e além disso, está pensando e contribuindo para a solução.

Dica: Mesmo uma ideia tonta, pense em algo para não ir de mão vazias.

8. Perguntar e só escutar

Essa dica é um complemento do anterior. Na verdade serve até para quando você está numa reunião ou em situações que alguem está falando. Não apenas escute, mas anote. Isso demonstra que você está interessado no que o outro tá falando. Mesmo que não releia as notas depois, o ato de escrever vai te ajudar organizar as ideias e memorizar melhor.

Sério, é algo que fazia quando ia conversar com os professores na época da faculdade e a reação era muito melhor comparado aos meus colegas.

Só não recomendo usar celular para anotar, apesar de eu ser um ávido usuário do evernote. Pode parecer que está usando outros aplicativos e não está prestando atenção no papo, trazendo resultado negativo.

Dica: Caneta e papel.

9. Agradecer apenas no dia

No Japão tem essa cultura do chefe ou o senpai pagar tudo em certas ocasiões. As vezes, a pessoa paga para dar uma de bonitão ou simplesmente porque é uma norma social. Sei que você não é uma pessoa mal-educada e irá agradecer na hora, claro.

O diferencial vem agora: lembre-se de agradecer novamente no próximo dia. Isso vai mostrar que você não só agradece por impulso, mas recorda e valoriza (pelo menos demonstra). Quem não vai gostar de uma pessoa dessa? Certamente irá querer te chamar nas próximas vezes e também a te ajudar mais que as outras pessoas.  O senpai te notará mais.

10. Receber o cartão de visita primeiro que o outro

Sério, até nisso! É senso comum que os mais velhos e mais importantes dão o cartão depois. Ou seja, se você receber antes, mesmo por impulso, tá cometendo mais um gafe!

Ainda há uma regra de que você deve oferecer o cartão com as duas mãos como na imagem. Também, claro, receber com as duas mãos.

Quer que seja mais chato? Ainda tem mais:

  1. Você ainda deve virar o seu nome e cargo para o lado do receptor, para facilitar a leitura;
  2. Quando for receber ficar atento para não colocar o dedo em cima do nome / cargo da pessoa;
  3. É educado que não faça essa troca de cartões atravessando a mesa. Quando for trocar, levante da cadeira, vá direto a pessoa e troque o cartão.

Dica: decore. Vai ser útil quando encontrar um japonês fodão.

Wrap up

Vendo agora, não parece um guia profissional aos iniciantes no Japão, mas sim um guia profissional em qualquer lugar do mundo. Alguns parecem absurdos no início, mas dá uma refletida enquanto toma uma ducha no chuveiro. Sério, são coisas simples que te trará um grande retorno. Não esqueça de fazer com consistência!

Se é bacana fazer por aqui, lembra que no Japão é o básico. Não deixe que um vacilo desse acabe ofuscando o real potencial que você tem. Social skills matter.

Gostou? Então compartilhe e ajude esse texto a chegar em mais pessoas. Fará uma GRANDE diferença para a gente do Kotobá!

Aproveita a seção de comentários para continuar o papo!

Parabéns! Ao ler esse texto, você acaba de aumentar 1 nível de expressões na sua fluência 🙂
Expressão
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